sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Um tira-teima para Michael Schumacher



Michael Schumacher está de volta à Formula 1 e isto, somado a alguns outros fatores, faz dessa temporada a mais esperada dos últimos tempos.

Falar que Schumacher é o maior de todos os tempos causa certa comoção, principalmente no Brasil. Para muitos por aqui, sequer cogitar a possibilidade de que Ayrton (Ayrton Ayrton) Senna (do Brasil!!) não foi o maior de todos os tempos é crime de lesa-pátria punível com o maior de todas as indignações e execrações. Não adianta citar os títulos de Schumacher (campeão mais do que o dobro de vezes que Senna), ou todos os seus recordes (inclusive aqueles que Senna possuía antes, tão usados pelos sennistas para provar o brilhantismo do ídolo-máximo) – Senna é indiscutivelmente o maior de todos os tempos, inclusive para aqueles que nem sequer tinham idade para assistir suas corridas.

Fonte das tabelas: Wikipedia

Falar que Schumacher foi maior que Senna para alguns brasileiros é o mesmo que falar para alguns argentinos que Pelé foi maior que Maradona. Não adianta argumentar, é uma questão de identidade nacional (curiosamente, depois de escrever isso, achei uma notícia sobre o  Felipe Massa fazendo a mesma comparação).

Porém, existem alguns argumentos sustentáveis entre aqueles um pouco mais inteligentes que tentam defender a superioridade de Senna. Um é irrefutável, mas também insuficiente: Senna morreu aos 34 anos, poderia ter ganhado alguns títulos a mais (inclusive os de 94 e 95, conquistados por Schumacher). Bem, poder poderia... mas não é algo óbvio de se pensar – e devemos lembrar que se Senna tivesse sobrevivido ao acidente em Ímola e corrido o resto da temporada de 94 teria que tirar uma vantagem de 30 pontos que o alemão já tinha construído sobre ele nas três primeiras corridas do ano (todas vencidas por Schumacher e todas abandonadas pelo brasileiro). Se Schumacher, hipoteticamente, tivesse morrido em 2003 (quando tinha 34 anos), seria bem razoável pensar que ele ganharia mais alguns títulos. Pensar o mesmo de Senna em 1994 não é tão razoável – isso porque o domínio de Schumacher era incontestável em 2003, Senna sequer dominava a Formula 1 em 1994. Além disso, aos 34 anos Schumi já tinha cinco títulos, contra os três de Senna.

Para se ter uma idéia do domínio de Schumacher, entre 1994, a primeira vez que sentou em um carro que lhe dava condições de brigar pelo título, e 2006, ano de sua aposentadoria, Schumacher disputou 13 temporadas. Em uma (1999) fraturou a perna em um acidente e não pode disputar todo o campeonato. Em quatro (1996, 1997, 1998, 2005), seu carro era claramente inferior ao de outra(s) equipe, deixando o título quase impossível*. Das oito temporadas que sobram, Schumacher ganhou sete. Só perdeu em 2006, para Fernando Alonso.

Porém, outros dois argumentos são mais interessantes para se debater, por que justamente discutem esse predomínio absoluto de Schumacher:

1) Schumacher correu contra uma geração bem inferior tecnicamente à geração de Senna, por isso conseguiu resultados tão expressivos.

2) Schumacher teve uma superioridade de equipamento muito longa, inédita para um piloto na história da Fórmula 1.

Os dois argumentos são fortes. O primeiro é mais relativo, por se poder colocar a questão de que Schumacher trucidava os adversários por sua excepcionalidade, e não pela hipotética fragilidade dos adversários. Mas de qualquer forma, é uma sensação que se mantém forte: a geração entre o final dos anos 90 e início desta década não aparentava ter a qualidade que a geração anterior teve. Quanto ao domínio de equipamento, a Willians dominou o início da década passada da mesma maneira que a Ferrari dominou o início desta (talvez até de forma mais marcante), mas nenhum piloto tomou conta do seu posto de primeiro piloto (quatro pilotos diferentes foram campeões com a Willians na década de 90: Mansel, Prost, Hill e Villeneauve). Schumacher, por sua vez, tomou conta do título de primeiro piloto da Ferrari – o que não deixa de ser mérito do alemão, mas certamente lhe deu vantagem. Além disso, quando Senna teve esse tipo de vantagem, na McLaren do final dos anos 80, ele tinha que duelar de igual pra igual com Alain Prost dentro da equipe, não com um subordinado Barrichello.

E é por isso que a temporada que vai começar ganha certo sabor de tira-teima para Schumacher.

Ele vai enfrentar uma geração vencedora, inquestionável tecnicamente, e que inclui seu único algoz de fato, Fernando Alonso, e outros dois campões do mundo (Hamilton e Button) – além de pilotos jovens com muito talento, como Massa e Vettel.

A não ser que a Mercedes tenha um carro muito acima da concorrência – o que daria ao argumento da vantagem no carro nova vida – ou muito abaixo – o que impediria Schumi de vencer –, Schumacher enfrentará pilotos de ponta em condições técnicas similares.

Se perder, não terá colocado nada em risco – as discussões continuaram as mesmas, afinal, ele já conquistou tudo que tinha pra conquistar. Se ganhar, corrobora de maneira robusta a percepção de que ele foi, sim, o maior de todos os tempos.

_________

*Apenas para reforçar um argumento que pode aparentar mero achismo:

  • Em 1996 a campeã foi a Willians de Damon Hill, piloto tão ruim que mesmo campeão foi demitido pela equipe ao final da temporada;
  • Em 1997 a campeã novamente foi a Willians, mas agora com Jacques Villeneauve, piloto tão ruim que nada mais fez na Formula 1 depois desse título;
  • Em 1998, a campeã foi a McLaren de Mika Häkkinen, equipe que melhor se adaptou às grandes mudanças de regras entre as temporadas 97 e 98. Häkkinen viria a ser campeão no ano seguinte mais uma vez, ano do acidente que tirou Schumacher da pista por algumas corridas, porém é indiscutivelmente um piloto abaixo do nível geral dos bons campões do mundo.

Em todas essas temporadas Schumacher poderia facilmente ter sido campeão se tivesse um carro em igualdade de condições. Em 2005 o problema novamente foi a mudança de regras, dessa vez nos pneus, que deixou a Ferrari em péssimos lençóis e fez Raikkonen campeão do mundo – esse sim um bom piloto, que em igualdade de condições poderia talvez ter vencido Schumacher da mesma maneira.

3 comentários:

  1. Schumacher >>>>>> Marx. Falo mesmo.


    (brinks)


    Maior piloto de todos os tempos e esse ano ganhará de novo. Belo post.

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  2. Schumacher o maior blefe da Formula Um, nunca ganhou de ninguem, seus titulos, os dois primeiros enquanto a Formula Um se repensava depois da Morte de dois pilotos, e os outros cinco quando não foi em cima de Barrichello foi atraves de manobras ilegais vindas dos boxes, nuynca vimos o Alemão disputar e ganhar uma curva siquer. A melhor prova de Schumacher foi quando anunciou sua despedida fugindo do Espanhol, brilhou em Interlagos, foi a unica vez que vi o Alemão exercer aprofissão piloto.

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